Alma Lusíada

O circunspecto Pacheco Pereira fala, no seu Abrupto, nos próximos e ansiados «Idos de Março» no PSD, supõe-se que sem facadas, mas que, julga-se, deverão produzir tumultos naturais, se os resultados forem os esperados da desastrada direcção Barrosista-Santanista, que tanta nulidade e incompetência trouxe para a ribalta política do País.

Só então se poderá pensar em regenerar a máquina partidária e insuflar-lhe a desejada e renovada orientação social-democrática, convidando os que dessa orientação discordarem a procurar, eventualmente, outras companhias, quiçá, juntando-se aos liberais-conservadores do PP, a bem de uma clarificação doutrinária ou ideológica, de que andamos todos em Portugal muito carecidos.

Não é possível ver um Partido tão importante no espectro político português, como o PSD, transformado num clube de amigos de Pedro Santana Lopes, como já antes o fora dos de Durão Barroso, sem doutrina, sem ideologia, sem norte, vogando ao sabor das modas de gestão neo-liberais, de consequências sociais desastrosas, em particular, para os trabalhadores por conta de outrem, que são a maioria dos votantes do PSD.

Se não se operar esta clarificação, estará então aberta a possibilidade de formação de nova força política, capaz de entrar na área do socialismo democrático e da social-democracia, uma vez que os actuais partidos, supostamente representantes deste enorme sector do eleitorado, se acham descaracterizados, desvitalizados, desacreditados e corrompidos, por anos e anos de exercício de poder desvirtuado, interesseiro e clientelar, comprometendo cada vez mais o futuro do País.

Ou, se nada disto acontecer, estaremos todos nós já resignados a ver Portugal continuamente a definhar e uns tantos, poucos, a prosperar, sem mérito e sem honra, mas com proveito, em contraste com uma nova, generalizada, apagada e vil tristeza colectiva em que vamos progressivamente caindo ?

Respondam os Portugueses !

AV_Lisboa, 08 de Fevereiro de 2005